quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

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Porque ela nunca sabia o tamanho da tristeza, sentava e chorava como se fosse a primeira e a última vez. Quantas lágrimas lhe cabiam? Podia ser essa toda a dor do mundo ou era mais um dos seus rompantes dramáticos?
O fato era que algo lhe retorcia a alma. O medo de acordar e saber-se insensata. O espelho que lhe encarava e lhe questionava diariamente. O passo em falso e o passo inevitável.
Se a tristeza era grande, aprendia a remoer. Se era pequena, ria de si mesmo pouco tempo depois. O fato é que ela existia. E residia. E berrava. E passava. Será?

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O quadro

- Aqui está o seu quadro - disse ela, quase que implorando para que ele perguntasse porque as coisas precisavam ser daquele jeito.
- OK - respondeu, desinteressado por mais uma das tantas discussões que se prolongariam infinitamente se aquele não fosse o momento do adeus.

A sala ficou vazia, quase soluçando.
A parede não rachou, mas doía como se tivesse passado por uma grande turbulência, um terremoto.
A simbologia daquele instante só dizia respeito a eles e ao que fariam dali para frente. Um novo rumo, talvez. Os velhos amigos, certamente. A chave, um achado pra algo novo, inexplorado.

Se olharam quase com um ar de remorso e de pena.
Era isso o que sentiam um pelo outro.
Planos desfeitos, momento de recuar. Momento de seguir, sim.

E naquele olhar vago, quase um meio termo entre a tristeza e a sensatez, morava a coragem, o alento, a certeza. Fosse como fosse, era hora de partir.