terça-feira, 31 de agosto de 2010
Recado para "o" homem
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
O amor num piscar de olhos*
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Replay
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Desculpa
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
O meu aviso*
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
A última mulher
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
A força dos cinco verbos
terça-feira, 3 de agosto de 2010
O que sobrou em mim
Eu ouço a sua voz soando baixo entre a vibração tensa das paredes que por tanto tempo nos cercaram. Ela continua aqui, me atormentando sempre que me sinto frágil, como um rastro de lembrança e de mágoa que deixam a ferida aberta.
Muita coisa aqui dentro me traz você. O isqueiro esquecido. Todos os pregos e furos na parede. A sacada em que você permanecia inerte, opaco e calmo, inebriado pela solidão que sempre lhe caiu tão bem. A persiana que nos protegia. O cobertor que dividíamos em dias de um frio intenso e de um calor voraz.
Te vejo agora entre os cômodos, sorrindo de um jeito que ainda não decifrei, mas que por muito tempo me trouxe paz e guerra. Você caminha lentamente, toca nos móveis, ajusta lâmpadas, arruma a antena, senta na cama, deita e adormece. Eu apenas observo o tempo passar, aliviada quando me sinto forte e submissa quando vejo que não tenho qualquer domínio sobre ele.
Hoje, você esteve presente em todas partes da casa e em todos os cantos de mim. Como se o ritual ainda não estivesse completo. Como se faltasse uma última verdade. Como se as coisas que você deixou fossem te manter eterno. Como se a tormenta ainda não tivesse passado de vez. Como se sua voz ainda morasse aqui.