terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Tempo*

Tempo,
Lento,
Voa.

Sonho,
Doce,
Voa.

Vida,
Brinda,
Voa.

Trecho,
Texto,
Voa.

Medo,
Cedo,
Voa.

Tempo.
Passa.
Voa.

* Na passagem para os 29, cada vez mais completa, complexa, feliz.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Tudo mesmo

Sei lá o que eu senti quando encontrei aquela figura tão pouco familiar a três metros e cinco degraus de distância, pesando tanto quanto eu queria que pesasse a sua culpa no dia em que os nossos caminhos se desviaram pra sempre. Foi um misto de alívio e contentamento, uma alegria simples por perceber mágoas caindo do colo, mágoas cuspindo entre os dentes, mágoas ficando pra trás.
Tudo o que eu pensei é que não mais precisaria escrever sobre isso, posto que um sentimento findo não é bem-vindo. Mas a caneta rabiscou a primeira ideia sozinha e, então, eu senti que precisava botar pra fora. Eu coloquei pra fora mesmo.
Eu fiquei o dia inteiro absorta em ideias desconexas, pensando se tinha amado em alguma momento da minha existência aquele sorriso tímido que me encontrara sem querer. A vida sempre provoca encontros inesperados pra nos fazer enxergar coisas que estão escondidas dentro de nós. Eu fiquei o dia inteiro flutuando a passos largos, tentando entender o que se configurava dentro de mim, tão dentro que nem eu podia alcançar.
E descobri que tinha execrado um punhado de ódio, de tristeza e de marcas que pensei eternas. Que o meu caminhar ficou mais leve depois disso. E que não existia soluço nenhum amargurando meus sentimentos. Eu sempre soube disso, mas ter a prova é bem diferente.
E nessa viagem de ficar capitulando sentido em palavras, alívio em palavras, eu descobri que não precisaria dizer nada, nunca mais. Nada mesmo. Porque foi ali, descendo aqueles cinco degraus que me separaram de um emaranhado de problemas e decepções, que eu tive a prova viva de que tudo havia passado. E tudo é tudo mesmo. Só eu sei.