terça-feira, 26 de junho de 2012

saudade torta

A saudade é um pedaço torto do que te falta.
Um pedaço torto do que te faz reto.
Um pedaço torto em uma curva cega.
Cada vez que alguém sente saudade, o corpo se contorce, se encolhe, se entorta.
Pra dor da saudade não tem cura, não tem remédio, não tem certeza.
Porque a saudade existe pra nos lembrar de quem já fomos,
Pra nos lembrar com quem já estivemos,
Pra nos fazer doer.

Sinto a saudade me entortar.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Presente do ex

Ia jogar fora uma calça fora de moda dada pelo ex, mas preferiu vesti-la uma vez mais, pra ter certeza que o rompimento tinha lhe feito bem. A peça estava larga, deixava-lhe boiando, parecia de uma outra mulher - uma mulher mais insegura, mais feia, mais frágil.
Teve certeza que presentes de ex não servem pra ser jogados fora antes de ficarem fora de moda. Porque uma hora ou outra eles te farão ver, com todas as cores, que foi melhor assim. Você não só emagreceu: você cresceu. Sorri mais, chama mais atenção, se dá mais presentes. É mais segura. Mudou.
E quanto aos presentes que você deu pra ele, na certa não servem mais. Estão todos pequenos, pode crer.


quarta-feira, 6 de junho de 2012

Desculpa

Eu tinha nas tuas desculpas a minha doença mais sadia. Era delas que eu me alimentava quando sentia que havíamos errado. Era nelas que eu me espelhava quando me via torta entre um tombo e outro dentro daquele percurso meio guerra, meio paz. A última vez que você me pediu perdão, eu aceitei com remorso e angústia. Porque não sabia dizer não quando você reconhecia seus temores. E não sabia simplesmente esquecer, daí o tormento que nos acompanhava naquele instante de silêncio que precede a dor. Eu tinha nas tuas desculpas um elo com os meus sonhos e com as minhas ilusões. E acreditava nelas como se acredita em contos de fada e em histórias de amor sem fim.
E no meio desse vaivém entre um erro e outro, entre um pranto em outro, cheguei a pensar que eu estava errada. Louca e completamente errada.  Pois de desculpas não se vive. De desculpas se morre, apenas.