quinta-feira, 24 de março de 2011

Velhice*

Eu os vejo sorrindo com força e fragilidade, uma contradição que representa o que nós, homens, somos diante da vida. Não há nada mais puro, mais belo e mais verdadeiro do que a velhice, do que ser velho, do que honrar rugas e cabelos brancos com a convicção de que se é grande. Muito grande.
São feitos de passos lentos porque já correram muito. São feitos de uma respiração pausada porque já se fizeram ofegantes. São feitos de certezas porque já se deixaram tomar por dúvidas.
Ser velho não é ser feio. Nunca. Ser velho é ser bonito, é ser intenso, é ser verdade. Por isso me emociono quando percebo a facilidade com que trocam sorriso. Por isso sei escutá-los, mesmo que, na minha mocidade teimosa, eu não tenha nada a dizer.
Eu os vi chegando aos oitenta e eles me verão chegar aos 30. Quem sabe aos 40. Ou aos 50, se todos tivermos sorte. Mas mais importante do que vê-los é sabê-los. Sabê-los presentes. Sabê-los meus.
Acompanhar um homem na sua velhice é ter a chance suprema de tocar a vida com a ponta dos dedos. É poder se orgulhar de ver as rugas surgirem em toda a sua exuberância, precisão e coragem. É saber, antes, que a beleza e a mágica da vida continuam guardadas naquela parte que não envelhece, tenhamos 10 ou cem anos. Sim, o lado esquerdo do peito, aquele que bate, o coração.

* Para os meus velhinhos, que todo dia me enchem de inspiração.

Um comentário:

  1. Amei! Estou até mais inspirada para escrever a matéria, haha :)

    Muito bom!

    Beijo ;*

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