terça-feira, 27 de março de 2012

Fique bem

Os olhos fecharam abruptamente e ela não entendeu o porquê.
Se era um sonho, não precisava acordar. Se era verdade, não precisava ser assim. Não desse jeito. Não agora.
E em cada fiozinho de lágrima que lhe percorria a face, surgiam as primeiras dúvidas sobre o que o futuro lhe reservara. O primeiro impulso foi temer. Mas o segundo foi esperar.
Porque a dor só passa quando a gente espera, pacientemente e conscientemente. Não passa quando a gente acelera o tempo. Não passa porque a gente precisa do hoje, agora. Para sarar, qualquer dor precisa de reflexão. De certezas. De um esfriamento gradual e paulatino. De paciência. Paciência.
Nenhuma dor é tão grande que a gente não possa carregar. Nenhum sofrimento é maior do que nossa sede de enfrentar, superar e aprender a ser.
Os olhos fecharam porque os dela precisavam se abrir. E quando se abrissem, o tempo - esse singelo aliado que se mostra inimigo - teria lhe curado todas as dores. Até essa, que parecia não ter como passar.

terça-feira, 6 de março de 2012

Cada grão de amor

Mirou-o com o olhar profundo e denso do amor.
Aquele que exige a presença,
Que permite o desejo,
Que vocifera paixão.
Guardava dentro de si cada miligrama desse olhar nada neutro e absolutamemte descompassado, fugáz como eram seus impulsos de medo, permanente como era a certeza de terem um ao outro.
O amor, esse relicário; o amor, essa verdade tomada de poesia.
Sentia cada passo em direção a ele como se uma corda invisível estivesse os aproximando da forma mais avassaladora que alguém poderia querer, pensar ou prever.
Nem de longe era amor o que sentira na vez primeira.
Amor era o hoje. E o amanhã. E o sempre.