segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A curva

Um amor que não deu certo é como aquela curva fechada que você viu na estrada dia desses.
Ela estava lá, esperando por você. Ela te levaria para um lugar novo. Bom ou ruim. Com ou sem obstáculos. Mas inteiramente novo. Ela (a curva) estava pronta pra que você pisasse fundo. Pronta pra te ver frear no ponto certo, sem riscos de derrapar, de colidir, de se machucar.
Mas daí você lembrou que a curva era perigosa demais. Que a sua habilitação estava vencida. Que os seus freios não eram assim tão bons. Desacelerou e parou. Você fez o retorno antes de fazer a curva. Não chegou ao outro lugar. Foi seguro, talvez covarde. Dirigiu em linha reta. Não se arriscou. O amor tem cara e jeito de curva. Se você não contorná-la, nunca vai ver o que vem depois.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Das estranhezas

Sim, somos seres estranhos.
A gente fica horas brigando por nada.
Fica dias se amando por tudo.
Fica meses na latência do querer.

Sim, o amor é estranho.
Fica em silêncio no mais absoluto barulho, o mesmo que atordoa nossa alma.
Põe-se reto quando a estrada é torta.
Torto quando a estrada é reta.
Desvia de nós, o tempo todo, teimando com nossas certezas.

Não, eu não sei se isso muda.
Somos feitos de um ar comprimido.
Preenchidos de liberdade, não de saudade.
Estranhos na nossa essência,
estranhos juntos,
estranhos a sós.
Mas somos nós.
Antes, depois, outra hora, outro dia...
quem sabe?
Nós.








segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O próximo

Pra cada amor que ia,
um novo amor surgia.

Entender isso era como aceitar uma realidade imutável da vida.
E permitir que as portas se abrissem.
E deixar-se levar outra e outra e outra vez. Até cansar. Mesmo.

Porque o próximo,
Ah, o próximo...
Era sempre o melhor que podia esperar.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Sobre brigas, dramas e amor

Eu tenho dois defeitos graves e quase indissolúveis. Sou brigona. Sou dramática.
A qualquer momento, cismo que preciso tirar uma história a limpo. Pode ser do arco da velha. Pode ser algo que me incomoda só um pouquinho. Lá vou eu, com meu ímpeto esbravejante, tentar encontrar respostas para perguntas que sequer foram feitas.
Mas o que mais tem me chamado atenção nos últimos tempos: na maioria das vezes, brigo e sou dramática com quem amo. Contradição? Sim. Inexplicável? Também. Deveria ser normal querer a paz, o sorriso, o abraço daqueles que me fazem bem. Acontece que sempre encontro uma pulga para colocar atrás da orelha. Uma frase que leio errado. Um olhar que encaro de outro jeito. Pronto, é briga. E drama. E horas e horas de discussão, de dor de cabeça, de páginas e páginas de emails, de litros e litros de lágrimas.
Como fazer alguém que eu amo entender isso? Que só questiono quem me importa? Que só levanto a voz com quem me ouve? Que só choro pra quem sorrio?
Essa tem sido minha tarefa mais árdua. Colocar limites no que eu sinto. Separar o que é dor do que é drama. Entender esse jogo da vida em que, às vezes, nem tudo ocorre do jeito que eu quero, do jeito que eu planejei.
Então, se nos últimos meses, eu já briguei com você, leitor, aceite minhas desculpas, meu abraço e guarde uma certeza. Essa é minha forma de amar. Atrapalhada, torta, estranha. Mas verdadeira. Juro que sim.