domingo, 27 de fevereiro de 2011

Silêncio

Quando você quiser gritar,
Quando quiser extravasar,
Quando quiser se libertar,
Experimente o silêncio.
E só.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Quero

Quero que você continue me vendo dormir e acaraciando os meus cabelos assim que eu acordo.
Quero que me abrace antes mesmo que eu me espreguice e que me proteja do dia lá fora.
Quero que me beije longamente pela manhã, para que eu tenha certeza de nós.
Quero que me abrigue no seu ombro quando tudo ficar meio escuro. E aperte forte a minha mão para eu saber que estamos juntos.
Quero que me alegre com os seus devaneios, sonhos, caprichos. E realize os meus, na medida do possível.
Quero que me encontre às 20h no bar, pontualmente, para lembrarmos exatamente porque estamos vivos.
Quero que me inundes com perguntas. E que prepare as respostas para o caso de eu não tê-las.
Quero que entenda minha insensatez e minhas despedidas fora de hora. E que ria comigo depois que o choro cessar.
Quero as verdades, as certezas, as semelhanças, as diferenças, as tempestades.
Quero que tudo comece ou termine com um verbo conjugado no presente, o tempo do pra sempre.
Quero que você saiba que eu já estou aqui.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

#Amor

Eu não sou grosso. Eu te amo.
Foi a frase mais bonita que eu ouvi naquela noite.
E nos últimos anos.

Degraus

Nos encontramos no meio de uma escada.
Eu subia,
Ele descia.
Foi um diálogo marcado pela submissão de quem ia ter de aprender a voltar.
Um recuo pra mim,
A saída pra ele.
Decidi deixá-lo ir sozinho na frente. Desceu um, dois, três degraus, até sumir diante dos meus olhos.
Eu fiquei lá, estática, tentando projetar o que teria encontrado no topo: se a queda ou a consagração. Era um risco incalculável.
Esperei até ter certeza de que ele estava no chão e me enchi de coragem para dar o primeiro passo. Não dei. Sentei um degrau acima e fixei os meus pés. Eu não conseguiria me mover naquele instante e fui permitindo que ele se afastasse.
Lá embaixo, dificilmente conseguiríamos nos encontrar de novo.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Um presente para Júlia*

Já me disseram que amigo é aquele que te tira do barco quando ele está afundando. Que é quem te tira da fossa, te joga na parede e te diz, com o dedo em riste, que não adianta você chorar. Que é quem te beija e te abraça sempre com o mesmo vigor e entusiasmo, porque a paixão não morre. Que é quem te leva pra dar uma volta quando o seu mundo insiste em querer ruir.
Eu tenho a sorte em ter minhas duas mãos cheias de amigos, por quem eu choro e faço chorar. São pessoas que eu escolhi pra estarem comigo, andando, correndo, caindo e começando tudo de novo, sempre quando alguma barreira não autorizada nos leva ao chão.
Aquela moça bonita, com uma cara de adulta, vestido vermelho, cabelos loiros naturais e olhos estupidamente verdes foi uma das últimas a me completar. Júlia é o nome dela. Nome de livro de romance, com histórias tão boas quanto um best seller jamais seria capaz de reunir.
Eu sempre a escuto com atenção, mesmo sabendo que ela tem alma de menina, que caminha feito menina, erra e acerta feito menina. Nós nos damos bem justamente porque somos seres opostos, que se completam e se integram no meio da mais absoluta diferença.
Eu não gosto de vê-la triste e já senti na pele todas as tentativas dela em me reanimar quando eu andei chorosa pelos cantos. Na maioria das vezes, seus conselhos funcionavam. Como quando me mandou comprar um vestido ao invés de ficar me lamentando. Ou quando me tirou de uma mesa de bar deprimente e me levou pro fantástico mundo de Júlia.
Poucas vezes conheci alguém tão leal, tão companheira, tão de verdade. Compartilhamos nossas maldades e nossas belezas. Nossos sonhos, nossos pesadelos, nossos medos. E assim nos construímos e reconstruímos junto com uma amizade que já disse que veio pra ficar.
Amigo é aquele que vai contigo do inferno ao paraíso sem pestanejar. E que se coloca entre você e todos os problemas que a vida possa te trazer em um dia cinza e frio. Com ela é sempre sol, porque decidimos que seria assim. Gracias, amiga, por ser esse poço de ternura, carinho e dedicação. Eu te amo muito.

* Em homenagem a um quase aniversário. E em resposta a algo que eu demorei a retribuir: http://jotapitthan.blogspot.com/2010/10/no-rastro.html

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Pelos meus olhos

Juro que vi ele se aproximando,
trazendo consigo um bocado de flores, um bocado de cores, um bocado de amor.
Não, eu não havia sonhado.
Era ele, sim, vestido de saudade e de certezas,
cheio de paz, de silêncio e de risos.
Podia jurar que foi feito pra mim,
que eram meus os seus presentes,
aquele sorriso leve,
aquele susurro suave,
aquele passo lento - o passo de quem não tem pressa.
Eu sei que deveria sentar e ficar esperando,
mas algo em mim sempre mudava.
Pelos meus olhos, quanto mais perto ele chegava,
mais eu me afastava,
relutava,
enfrentava.
Pelos meus olhos, era a distância - firme e exata - que nos manteria em paz.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Na corda bamba

Porque se conheciam demais, viviam se equilibrando naquela corda bamba que separa o campo certo do abismo sem fim. Um passo errado seria o suficiente para destruir aquilo que alimentavam dia após dia, sem nenhuma certeza de que o final poderia ser feliz para qualquer um dos dois.
Mas arriscavam em nome de algo que era comum a ambos. Liberdade, eis a palavra que ela supunha essencial agora, depois de tanto tempo amarrada, entregue, desencontrada. Era a palavra preferida dele, a quem aprendeu a respeitar justamente por ser assim, livre como um pássaro.
Talvez um dia pudesse se arrepender. Talvez nunca mais fosse se arrepender. Talvez fosse mais fácil não se perguntar, deixar a onda levar, parar de pensar, de se reprimir, de tentar mudar a rota do incontrolável.
O ponto de interrogação passou a persegui-la. As dúvidas lhe bastavam mais do que qualquer certeza. Só não queria perder, embora gostasse de brincar com suas próprias lágrimas antevendo o dia em que precisassem finalmente apagar o que restara.
Pensou naquela linha do tempo, no dia em que seus caminhos se cruzaram sem pensar que era pra sempre. No dia em que decidiram ser claros. No dia em que decidiram não decidir nada.
Aquela corda em que gostavam de se equilibrar era o que amarrava um ao outro. O dia em que ela rompesse, estariam mudados para sempre.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Algo assim meio sem nome

Não fui eu que inventei que o amor precisa de um nome.
Há quem chame de namoro.
Há quem chame de casamento.
Há quem chame de "rolo".
Há quem chame de união estável.
Há quem simplesmente prefira não nominá-lo formalmente.
Se você está no último grupo, lembre-se que sentimentos não precisam estar inclusos em nenhum dicionário.
Que existem palavras que não servem pra se encaixar na gente.
Que o que importa nem sempre é poder adjetivar toda uma vida. Ou um pedaço dela.
Quem escolheu o nome pro amor já sabia o que queria dizer com ele.
Nós é que inventamos outros atributos e outros adjetivos pra algo que já é suficientemenete claro.
Amor não precisa de nome. Nem de contrato. Nem de assinatura. Nem de rótulo. Nem de promessas.
Amor só precisa de amor.
Simples assim.