terça-feira, 19 de maio de 2009

Reencontros

Eu era o único elo entre as duas naquele momento. Não sei ao certo quantos foram os dias de silêncio. Talvez mais de quatro anos, considerando que a minha formatura fora o último encontro. Ou dez, pensando no dia em que tudo ruiu.
O abraço foi contido, como tinha de ser, mas me coloquei durante muito tempo na posição dela. Rever o passado é algo mais difícil do que eu possa supor. Pisar naquele azulejo frio novamente, sentir aqueles paredes tensas vibrando em torno de si, perceber fotos, quadros, trechos de uma vida inteira bailando na sua frente. Por isso devo admirar a imponência daquele momento tão singelo.
Os olhos encheram de água. Em frações de segundos, mil mensagens foram transmitidas em um tímido aperto de mão. E eu era o único elo entre as duas naquele momento.
Horas mais tarde, pensei que minha mãe, mesmo numa posição desconfortável, enxergava os limites daquilo tudo. E queria o passado longe, como deve ser. Quando ele volta à tona, é difícil medir os sentimentos e é difícil também entendê-los. Sim, eu era o único elo entre as duas naquele momento. Eu era o presente e o passado, imortalizada no silêncio, no fim da cumplicidade, nas lágrimas de saudade.

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