sábado, 31 de julho de 2010

O sorriso e o refúgio

Eu te dei um último aceno com meu sorriso mais doce, antes que você percebesse que algo em mim havia mudado profundamente. Eu era outra pessoa agora, embora a essência da tríade que você bem conhecia permanecesse inalterada.

Meu lábios se abriram e mostraram um pedaço da minha alma - uma parte limpa e intocada, que eu reservara para poucos porque temia banalizar. Eu deveria ter algum segredo, ainda que a transparência fosse uma característica tão certeira nos quadros que me pintavam.

Mas que o meu segredo podia ser teu, isso não era novidade.
No momento em que me expus, parte do que eu sentia foi procurar um canto escuro para adormecer sem tensão, apreensão. Não era uma fuga. Era uma questão de refúgio.

Por isso eu me propus a manter tanta vida aprisionada em mim, mesmo com a certeza de que estaria me privando de um mundo que poderia ser nosso. E assim me guardei. Porque dificilmente você me veria inteira novamente, mesmo que o sorriso continuasse por lá. Porque nem tudo o que eu queria e premeditava era passível de acerto. Porque um dia, eu precisaria ir embora.

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