domingo, 16 de janeiro de 2011

Bilhete guardado

Ontem encontrei um bilhete de amor, timidamente rabiscado enquanto retornávamos de uma viagem por um paraíso qualquer.
Eu descobri o papel ainda um pouco amarelado, com um cheiro de coisa velha e uma marca grande de tempo percorrendo cada linha. Mas, sim, era a letra dele. Sim, era o amor dele. Sim, um dia havíamos sido nós.
Não sabia que ainda tinha lembranças físicas guardadas comigo. Mas aquela folha se anunciou e gritou uma história que eu ainda carregava presa na garganta. Aquela folha me disse mais do que eu conseguira ouvir quando ela foi escrita e se desenhou como um presente.
Senti a voz dele lendo aquelas palavras doces.
Sim, fora tudo real.
Disquei o número dele rapidamente. Ouvi um alô grave do outro lado da linha. Ele atendeu espantado e eu não sabia ao certo o que dizer.
"Obri...obriga...obrigada!".
E me pus a rasgar pedacinho por pedacinho aquela folha velha, amarelada, com frases de um tempo distante, com uma poesia que me reconstruiu. Amassei os pedaços maiores, joguei tudo pela janela e me senti refeita. Como uma folha que se mostra em branco. Como uma história outra qualquer, que um dia também viraria pó.

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