quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sobre te ver dormir

Me apaixonei quando vi ele dormindo.
É, a gente só tem certeza se é capaz de amar alguém quando consegue ficar horas olhando o respirar, os olhos fechados, o sono pacífico de quem nos cativou por inteiro.
Foi assim que pensei pela primeira vez em roubar todos os sonhos dele pra mim, em mergulhar lá no fundo, em encontrar suas causas, consequências, vontades, verdades. E como era lindo o jeito que ele se movia, sem perceber que eu estava em paz por poder admirá-lo num momento de absoluta intimidade.
Eu comecei a brincar com cada membro do corpo dele, na tentativa de mostrar que havia alguém ali, simplesmente apaixonada, velando cada segundo do seu desligar do mundo. Acariciei seu peito. Tentei me encaixar entre o seu ombro e o braço esquerdo. Ouvi o coração batendo leve. Roubei-o para mim.
Vê-lo assim, entregue aos sonhos, só me deu mais certezas sobre como eu queria as coisas daquele jeito. Sobre como minha paixão era completa, complexa e verdadeira. Só quando ele acordasse eu conseguiria adormecer. E na certa era com ele que eu sonharia.
Eu adorava abraçá-lo, beijá-lo, acariciá-lo. Mas nada era mais profundo do que enxergá-lo ao meu lado, com os olhos fechados e a respiração leve, tranquila, exata. Era essa a paz de que tanto me falaram um dia. Era esse o amor que eu queria para mim, sem nem precisar pensar duas vezes. Sem nem precisar olhar para trás.

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