Não faz muito tempo, ouvi pela primeira vez o teu silêncio com atenção.
Ele sempre me disse mais do que eu queria e menos do que eu precisava.
Mas aprendi a estar atenta a ele. Ao vácuo que se forma e se transforma entre uma frase e outra. E ao riso que desponta entre ambos, quando o momento é de graça.
Contigo aprendo todos os dias, no sentido literal.
E se chego a me transtornar com tantas broncas e lições é porque continuo aprendendo.
Quando as lágrimas perdem a timidez,
Quando o sorriso ganha a cumplicidade e ignora todo e qualquer motivo palpável,
Quando estar longe passa a doer e a incomodar,
Quando o sentimento sobrevive mesmo diante das adversidades,
Quando o seu colo passa a ser o melhor lugar para estar,
Quando isso tudo acontece junto, ao mesmo tempo, agora
É sinal de que o amor tomou proporções extraordinárias, transcendentais
E ganhou outro nome
A-MI-ZA-DE.
Te amo por tudo.
Obrigada.
* Para Jesse Giotti, amigo por quem me apaixono dia após dia.
segunda-feira, 10 de maio de 2010
quinta-feira, 18 de março de 2010
sexta-feira, 12 de março de 2010
O canudo
Ele vai segurar o canudo com as mãos que tanto lutaram para que aquele momento finalmente chegasse.
Ela vai observar tudo de longe, talvez em sonhos, engolindo a seco as tormentas que viu passar sem poder apressar o fim.
Eles vão comemorar juntos, como mais uma das grandes conquistas que nos esperam e nos esperarão ao longo da vida.
Eu vou morrer de orgulho, porque é isso o que eu consigo sentir.
Ao meu pai e a minha irmã, minha eterna admiração por acreditarem um no outro. E a eterna certeza de que eu acredito neles com toda a força que guardo em mim.
Ela vai observar tudo de longe, talvez em sonhos, engolindo a seco as tormentas que viu passar sem poder apressar o fim.
Eles vão comemorar juntos, como mais uma das grandes conquistas que nos esperam e nos esperarão ao longo da vida.
Eu vou morrer de orgulho, porque é isso o que eu consigo sentir.
Ao meu pai e a minha irmã, minha eterna admiração por acreditarem um no outro. E a eterna certeza de que eu acredito neles com toda a força que guardo em mim.
quarta-feira, 3 de março de 2010
O aniversário do avô
O cabelo visivelmente branco não escondia nenhum fio da juventude que ali estivera. Tinha uma maciez impressionante. Tocar nele, era como deixar fios de seda acariciarem levemente a ponta dos dedos. No rosto, algumas rugas, um bigode bem formado e um sorriso tão presente que eu sequer imaginava como era a sua expressão de raiva ou de mágoa.
Foi assim que vi meu avô soprar a vela dos seus 82 anos, cuidadosamente arrumadas no bolo pela companheira de 55 deles. Eu queria ser ele naquele momento, no auge de uma maturidade que só os homens verdadeiramente bons e fortes conseguirão atingir.
Era nele que eu me abrigava na infância. Perdia horas e horas rindo de suas histórias e dando passeios maravilhosos, que só lembro porque ele nunca esqueceu. Nas fotografias, registros de cumplicidade que nos pertenceu quando tudo o que eu mais queria era andar na areia e pedir um picolé - o Itu, o maior de todos.
Sempre me senti tão feliz ao lado daquele avô, que me culpei por ter crescido. Ele não, ele não mudou. Não fosse a fisionamia, eu poderia jurar que é o mesmo dos meus seis anos de idade, a quem eu esperava com ansiedade quando via o ônibus da Pluma chegar em Araranguá.
O tempo nos faz e desfaz, transforma nossos sonhos. Mas os dele não. Ele estava li, firme na sua pureza, aos 82, como estivera aos 30, 40, 50.
Eu me segurei pra não chorar quando o vi, tão menino, soprando forte as velas do bolo. Era muita história, muita vida e muito sentimento aprisionado naquele instante. E ele se pôs, leve como uma pluma, a esperar calmamente a chama do fogo cessar. Por isso eu lhe amava tanto: por ser vida, paciência e coragem. Por ser pura e simplesmente aquele homem que me ensinaram a chamar de vô.
Foi assim que vi meu avô soprar a vela dos seus 82 anos, cuidadosamente arrumadas no bolo pela companheira de 55 deles. Eu queria ser ele naquele momento, no auge de uma maturidade que só os homens verdadeiramente bons e fortes conseguirão atingir.
Era nele que eu me abrigava na infância. Perdia horas e horas rindo de suas histórias e dando passeios maravilhosos, que só lembro porque ele nunca esqueceu. Nas fotografias, registros de cumplicidade que nos pertenceu quando tudo o que eu mais queria era andar na areia e pedir um picolé - o Itu, o maior de todos.
Sempre me senti tão feliz ao lado daquele avô, que me culpei por ter crescido. Ele não, ele não mudou. Não fosse a fisionamia, eu poderia jurar que é o mesmo dos meus seis anos de idade, a quem eu esperava com ansiedade quando via o ônibus da Pluma chegar em Araranguá.
O tempo nos faz e desfaz, transforma nossos sonhos. Mas os dele não. Ele estava li, firme na sua pureza, aos 82, como estivera aos 30, 40, 50.
Eu me segurei pra não chorar quando o vi, tão menino, soprando forte as velas do bolo. Era muita história, muita vida e muito sentimento aprisionado naquele instante. E ele se pôs, leve como uma pluma, a esperar calmamente a chama do fogo cessar. Por isso eu lhe amava tanto: por ser vida, paciência e coragem. Por ser pura e simplesmente aquele homem que me ensinaram a chamar de vô.
segunda-feira, 1 de março de 2010
O tamanho da dor
O tamanho da dor vai depender da leveza com que você espera ela passar. Talvez sentado e paciente. Talvez firme e ponderado. Talvez aflito e indeciso. Talvez sem pensar, o que sempre parece uma boa opção.
O tamanho da dor vai depender das suas companhias. Do quanto elas te façam rir e gargalhar alto, sufocando a tristeza e a angústia. Do quanto elas consigam te manter afastado dos problemas. Do quanto elas te façam minimizar as dúvidas só por se fazerem presentes.
O tamanho da dor vai depender do quanto você pensa sobre ela. Se muito, ela tenderá a aumentar e te engolir. Se pouco, ela poderá te surpreendar. Se apenas o necessário, ela se manifestará, provavelmente, num domingo chuvoso ou numa quarta-feira de cinzas.
O tamanho da dor vai depender dos outros sentimentos que você somar a ela. Pode ser a saudade, o que é absolutamente comum. Pode ser a raiva e o orgulho, o que tende a fazê-la piorar. Mas pode ser simplesmente o amor. Nesse caso, o melhor é deixá-lo passar.
A bem da verdade, o tamanho da dor depende do quanto você precisa dela. Quando ela for inútil e desnecessária, descarte-a impiedosamente. Quando ela te ajudar a olhar pra frente, mastigue-a pausadamente. Pense. Chore. E siga.
O tamanho da dor vai depender das suas companhias. Do quanto elas te façam rir e gargalhar alto, sufocando a tristeza e a angústia. Do quanto elas consigam te manter afastado dos problemas. Do quanto elas te façam minimizar as dúvidas só por se fazerem presentes.
O tamanho da dor vai depender do quanto você pensa sobre ela. Se muito, ela tenderá a aumentar e te engolir. Se pouco, ela poderá te surpreendar. Se apenas o necessário, ela se manifestará, provavelmente, num domingo chuvoso ou numa quarta-feira de cinzas.
O tamanho da dor vai depender dos outros sentimentos que você somar a ela. Pode ser a saudade, o que é absolutamente comum. Pode ser a raiva e o orgulho, o que tende a fazê-la piorar. Mas pode ser simplesmente o amor. Nesse caso, o melhor é deixá-lo passar.
A bem da verdade, o tamanho da dor depende do quanto você precisa dela. Quando ela for inútil e desnecessária, descarte-a impiedosamente. Quando ela te ajudar a olhar pra frente, mastigue-a pausadamente. Pense. Chore. E siga.
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010
?
Porque ela nunca sabia o tamanho da tristeza, sentava e chorava como se fosse a primeira e a última vez. Quantas lágrimas lhe cabiam? Podia ser essa toda a dor do mundo ou era mais um dos seus rompantes dramáticos?
O fato era que algo lhe retorcia a alma. O medo de acordar e saber-se insensata. O espelho que lhe encarava e lhe questionava diariamente. O passo em falso e o passo inevitável.
Se a tristeza era grande, aprendia a remoer. Se era pequena, ria de si mesmo pouco tempo depois. O fato é que ela existia. E residia. E berrava. E passava. Será?
O fato era que algo lhe retorcia a alma. O medo de acordar e saber-se insensata. O espelho que lhe encarava e lhe questionava diariamente. O passo em falso e o passo inevitável.
Se a tristeza era grande, aprendia a remoer. Se era pequena, ria de si mesmo pouco tempo depois. O fato é que ela existia. E residia. E berrava. E passava. Será?
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
O quadro
- Aqui está o seu quadro - disse ela, quase que implorando para que ele perguntasse porque as coisas precisavam ser daquele jeito.
- OK - respondeu, desinteressado por mais uma das tantas discussões que se prolongariam infinitamente se aquele não fosse o momento do adeus.
A sala ficou vazia, quase soluçando.
A parede não rachou, mas doía como se tivesse passado por uma grande turbulência, um terremoto.
A simbologia daquele instante só dizia respeito a eles e ao que fariam dali para frente. Um novo rumo, talvez. Os velhos amigos, certamente. A chave, um achado pra algo novo, inexplorado.
Se olharam quase com um ar de remorso e de pena.
Era isso o que sentiam um pelo outro.
Planos desfeitos, momento de recuar. Momento de seguir, sim.
E naquele olhar vago, quase um meio termo entre a tristeza e a sensatez, morava a coragem, o alento, a certeza. Fosse como fosse, era hora de partir.
- OK - respondeu, desinteressado por mais uma das tantas discussões que se prolongariam infinitamente se aquele não fosse o momento do adeus.
A sala ficou vazia, quase soluçando.
A parede não rachou, mas doía como se tivesse passado por uma grande turbulência, um terremoto.
A simbologia daquele instante só dizia respeito a eles e ao que fariam dali para frente. Um novo rumo, talvez. Os velhos amigos, certamente. A chave, um achado pra algo novo, inexplorado.
Se olharam quase com um ar de remorso e de pena.
Era isso o que sentiam um pelo outro.
Planos desfeitos, momento de recuar. Momento de seguir, sim.
E naquele olhar vago, quase um meio termo entre a tristeza e a sensatez, morava a coragem, o alento, a certeza. Fosse como fosse, era hora de partir.
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