Um dia, um dos seus castelos preferidos ruiu. Sem que esperasse, foi ao chão e levou tudo com ele. Não sobraram os sentimentos que lhe mantinham firme, de pé. Inexplicavelmente fez-se de pó e de cinzas.
Era de areia aquele castelo imponente que gostava de ostentar e que pensara ser tão firme quanto todos os outros. Quando descobriu sua matéria prima, olhou para dentro de si e questionou a engenharia que havia aprendido. Decidiu guardar o que sobrara para as próximas construções.
No castelo que desmoronou não viviam fadas, príncipes, nem as magníficas fantasias que mantinha-na viva. Havia apenas areia. Era efêmero e diferente de todos os outros que lhe orgulhavam pela eternidade e (in)temporalidade.
Areia não era matéria prima para os castelos de Marcela. Ela queria mais e melhor. E aprendeu, quem sabe pela última vez, que reconstruir é mais difícil do que derrubar. Deu um passo pra trás e registrou na mente a imagem de todo aquele pó. O que faria com aquilo? Desistiu de guardar. Faria virar entulho, coisa morta. Porque de areia, que voa com o sopro e com o vento, ela se recusaria a viver.
* Nome trocado para preservar a identidade da(o) personagem.
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