quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Amou

Amara milhões de vezes somente naquele dia, no tímido espaço que separa um piscar de olhos de outro. Amou o jeito como ela se aproximou, lenta e rápida, lisa e sinuosa, quente e gélida, opaca e brilhante. Amou a forma como o corpo dela foi encontrando o seu, provocando um arrepio em todas as suas partes, manifestando todo o desejo que represara. Amou a forma como ela sorria de cima a baixo, prum lado e pro outro, soprando com os lábios aquela alegria de quem só consegue gritar intensidade. Amou o cheiro que ela exalou, que ele jurava sentir a quilômetros de distância, que ele prometeu impregnar em si mesmo, sob o risco de nunca mais esquecer. Amou a cor que ela conseguiu imprimir aos dias cinzas. Amou a tonalidade da sua pele, especialmente aquele rubor que lhe subia nos momentos de encontro. Amou a altura da sua voz, sempre medida, nunca comedida, num ritmo tal que às vezes só ele conseguia ouvir. Amou o brilho daqueles passos se aproximando e se afastando em uma dança própria, tão dela, mas tão do mundo. Amou milhares e incontáveis vezes, sempre a mesma pessoa, por quem se apaixonava a cada segundo, por quem deixaria os olhos abertos pelas próximas horas, dias, meses, séculos. Amou porque viveu. Viveu porque amou. E de amor se vestiu para se entregar.

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