quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A força dos cinco verbos

Ele foi embora tantas vezes que não sabia mais qual era o seu lugar.
Se ao lado de quem amava,
Se ao lado de quem amara,
Se só, apenas.

Ele sabia de cor todos os seus medos e os temia justamente por serem seus.
Porque dentro dele tudo era brasa, tudo era fogo, tudo queimava,
Até o sopro frio que vez ou outra invadia seu íntimo, mas que acabava envolto pelo calor latente que habitava seus poros.

Ele precisou voltar para ver se a porta estava bem fechada,
Para ver se não havia esquecido algo dentro daquele cubículo insalubre,
Para certificar-se de que também as janelas foram cadeadas e lacradas com cimento, com força bruta.

Ele imaginou-se ali e lá,
Em voos imprecisos,
Em quedas intermináveis,
Mas via-se refeito e pronto.

Ele pensou nas circunstâncias em que a vida lhe impunha escolhas,
Zombou das coincidências,
Atirou-se no sofá,
E depois disso sonhou por longas e intermináveis horas.


*Nem lembra se olhou pra trás ao primeiro passo*

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