quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Replay

Acompanhava o novo romance da ex em um minuto a minuto na Internet.
O cara não se importava em preservar a privacidade dos pombinhos.
Um dia era foto no Orkut, outro dia era comentários no blog ou frases apaixonadas no Twitter e no MSN.
Até aí, preferia não questionar. Cada um tem o seu jeito de amar, não é verdade? E se ele mesmo às vezes falava demais, o que esperar de um pseudo-inimigo que mostrava claros sinais de instabilidade emocional?
Mas uma coisa sim o incomodava de verdade. A falta de criatividade do amor. Sim, parecia que ele estava assistindo a um replay do que vivera instantes atrás.
Fazia com ele as mesmas coisas que faziam juntos.
Todo dia pedia que ele lhe buscasse na natação, pontualmente às 9h.
Depois, levava-a para o trabalho. Às 13h, almoçavam juntos. O cardápio também não variava muito.
De noite, viam filme, tomavam cerveja, faziam pizza, discutiam a relação.
Nos fins de semana iam para a praia, Mercado Público, casa dos pais dela. Passeavam com os cães e vez ou outra encaravam uma balada mais pesada.
Por que era tudo tão igual?
OK, fosse como fosse, já sabia para onde a história iria.
Um dia ele esqueceria de buscá-la. Ela iria surtar. Dispensaria o almoço porque acordaria de ressaca. Ela ia surtar de novo. Ia preferir os amigos para o filme ou a cerveja. Novo surto. Cansaria da praia com ela porque não conseguiria não olhar para as outras. Mais um surto. Dormiria e roncaria a noite toda. "Ah, não dá mais". Passaria as festas de fim de ano em outro estado. "Agora chega".
É, falta criatividade no amor. Ou será que falta amor?

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