Chorar novamente, depois de tanto tempo, era a chance de que precisava para crer-se livre de uma angústia latente, que não raras vezes a deixava com mais dúvidas do que certezas. Naquele momento, as lágrimas eram mais poderosas do que o seu eterno-sorriso-que-podia-não-dizer-absolutamente-nada. Porque elas deixavam tudo limpo ali dentro, como se tivessem a missão de lavar seus dias nublados.
Depois daquele choro muito mais compulsivo do que impulsivo, passou uns dois ou três dias sendo reticente e cuidadosa com qualquer manifestação de alegria efusiva. Era essa a paz de que precisava agora, para entender aquele turbilhão de emoções que vinha crescendo vertiginosamente. Não sofria, não temia, não queria calmaria. Mas precisava libertar-se de algo que não sabia o que era. E descobriu rápido. Precisava libertar-se das lágrimas que a habitaram durante meses a fio. Por isso se deixou chorar. Por isso acordou em paz.
*Chore bem, pra rir melhor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário