terça-feira, 26 de julho de 2011

O amor complexo

Até os 25 anos, eu conhecia só um tipo de amor. Aquele que a gente aprende com os pais, que vê todo mundo fazendo igual, que te leva pro altar, alimenta teus sonhos de mocinha de novela, te dá frio na barriga e todos os ziriguiduns que o encontro entre duas almas (gêmeas ou não) pode gerar.
Mas depois eu cresci. É. Abri uma outra janela pra poder enxergar o mundo lá fora. Assisti Closer, Encontros e Desencontros e Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças. Entendi que o amor nem sempre é sonho. Que ele é complicado, às vezes trágico, e pode nos fazer cair lá do alto. O importante é saber não morrer.
O amor complexo é mais comum do que se imagina. Tenho dezenas deles ao meu redor. Sou vítima e alvo de um deles. E, confesso, serei eternamente, como ser complexo que sou. Não é por ser difícil que deixa de valer a pena. Às vezes, isso aumenta ainda mais o sentido do amor.
O grande trauma do amor complexo é que, quase sempre, ele não é eterno. Um dia vocês vão se separar. E não é porque deixaram de se gostar, mas porque os seus mundos são díspares. Ele quer um apartamento no centro. Eu só quero uma casa com cerca branca e cachorros no pátios. Ele quer descansar nas férias. Eu quero viajar o mundo. Ele quer poupar. Eu quero gastar. E, assim, no meio de tantas diferenças, de repente descobrimos que não nascemos um pro outro.
O amor complexo às vezes sofre além da conta, porque é bem chegado numa batalha perdida. Ele quer passar por cima de tudo e de todos para só depois triunfar. Mas nessa de ir guerreando, ele perde sozinho. E quando vocês percebem, dormiram no ponto. E esqueceram de sonhar.
No amor complexo você carrega traumas e dores dos amores que imaginou perfeitos. E sabe olhar pro outro como alguém imperfeito que é, que sempre vai ser. Sabe olhar o outro com ternura e sem ilusões. O mundo não é cor de rosa e você finalmente percebeu.
No amor complexo, antes de tudo, você entende que amar não é necessariamente conseguir ficar junto. Muito pelo contrário. O amor complexo só é assim designado porque não consegue ser simples. Um dia vocês vão se olhar e entender que valeu a pena, mas que foi bom enquanto durou.
E o amor complexo não é pessimista. Ele apenas é honesto. Como todo amor deveria ser. Simplificar o amor complexo não é um objetivo, mas uma luta diária, de entendimento do ser humano, de preservação da liberdade, de respeito ao próximo. Mas isso você só vai entender quando tiver vivido uma história assim. Chorado e sofrido por uma história assim. Vencido uma história assim.







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